domingo, outubro 30, 2005

Aqui segue um "maravilhoso naco de prosa", como lhe chama Vasco Lobo Xavier, In Mar Salgado, retirado de um discurso de Alberto Costa, então deputado à AR, num debate parlamentar em 18 de Março de 1993:
«Contudo, mais grave, Sr. Primeiro-Ministro, é que V. Exª veio falar de obra nacional, mas previamente fez rodear toda esta matéria, com a ajuda do seu Ministro da Justiça, de um intolerável clima de tensão institucional: com o Ministério Público e o Procurador-Geral da República, com os magistrados judiciais (quem o negará?), com a Ordem dos Advogados, que se sente marginalizada (...)! E mais, Sr. Primeiro-Ministro, como é que é possível fazer crer que o Governo interpreta esta obra como uma obra nacional quando fez preceder esta restrita iniciativa (...) da criação de um clima institucional de afrontamento e suspeição em relação aos órgãos independentes de fiscalização do Estado na sociedade portuguesa, nomeadamente a Procuradoria Geral da República e o Tribunal de Contas? Sr. Primeiro-Ministro, qual é a racionalidade política (...) de um comportamento que faz preceder um apelo à cooperação institucional da abertura de um clima de guerra em relação a órgãos independentes, próprio de quem não suporta o controlo prático da democracia?»
Como comentou Vasco Lobo Xavier, "digam lá que não está giro? Este trecho faz parte de um discurso de Alberto Costa de uma época em que ele, ao que parece, não tinha comportamentos irracionais como os de hoje. Politicamente irracionais, claro".

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