segunda-feira, outubro 31, 2005

«Os portugueses são assim mesmo, querem sol na eira e chuva no nabal. E é assim que, ao mesmo tempo que se multiplica e agudiza a conflitualidade social, as últimas sondagens dão de novo o PS à frente nas intenções de voto dos portugueses e as esquerdas com uma maioria sociológica de 54 por cento no País. Ninguém diria, pelos sinais de ódio que se vêem e ouvem nas ruas e nos ‘media’, mas três sondagens diferentes (DN/TSF, Correio da Manhã e Expresso / Rádio Renascença) dão a vitória ao PS de José Sócrates, embora sem maioria absoluta, caso se realizassem hoje eleições legislativas. E isto, menos de um mês após a “banhada” que o PS levou nas autárquicas e com o País a viver um clima social de aparente insurreição. Há quem diga que sondagens são o que são, valem o que vale, para dizer que não são nem valem nada. Mas quem o diz, em geral, são os que as sondagens situam na mó de baixo. Tudo isto significa também que a opinião pública é altamente volúvel, quer e não quer. E, mesmo quando não queira, prefere a estabilidade do que conhece. E assim vai querendo o Governo que está, com um ou outro retoque na composição e no programa. E aí está, apesar da maioria sociológica das esquerdas, o candidato presidencial das direitas, com o seu programa de governo - administração pública, justiça e segurança, economia, educação, saúde e segurança social - e a sua proclamada intenção de “cooperação” com o actual Governo em simultâneo com uma “magistratura activa”. Agora, para harmonizar o prazer do bom tempo com a necessidade da chuva seria necessário que na divisão de poderes ficasse absolutamente inequívoco quem é que vai limpar as sarjetas».
João Paulo Guerra, In D.E.

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