«Juízes e procuradores queixam-se de espionagem informática»
«Juízes e procuradores queixam-se de que estão a ser alvo de espionagem informática. O alerta consta de um relatório confidencial do Ministério Publico do Tribunal de Família e Menores do Porto, a que o Diário de Notícias teve acesso. Fala-se, inclusive, de "um autêntico big brother".
Há computadores de juízes e procuradores que são alvo sistemático de invasões informáticas. O alerta é lançado por um relatório confidencial do Ministério Público do Tribunal de Família e menores do Porto, a que o jornal "Diário de Notícias" teve acesso e publica na edição deste sábado, e que já foi enviado para a Procuradoria-Geral Distrital. O documento avisa para os perigos de se estar a criar um "autêntico big brother" e diz que são poucos os computadores a salvo destas “invasões”. No relatório são descritos vários casos sendo que, nas conclusões, é chamada a atenção de que existem "interferências abusivas e de verdadeira devassa em documentos e pastas" dos utilizadores. A segurança é fraca e o aceso a processos ou peças processuais de carácter reservado ou em segredo de justiça é relativamente fácil. Ouvido pela TSF, António Cluny, presidente do Sindicato dos magistrados do Magistério Público, lembra queixas antigas e fala de uma série de casos preocupantes que chegam ao sindicato. "O problema muitas vezes não se põe só numa questão de segredo de justiça no sentido técnico da questão, mas põe-se, mesmo, na possibilidade de alteração de peças processuais e na confusão que se pode lançar em todo o sistema", explicou. Para o sindicalista, depois da notícia publicada este sábado pelo DN, já não é possível continuar a ignorar o problema pelo que "as coisas podem avançar como devem". António Cluny afirma ainda que pode estar em causa a eficácia e qualidade dos serviços "que pode ser afectada, não só, pela introdução e recolha de informação que existe nesses bancos de dados, como também pela própria adulteração das peças processuais produzidas"».
In TSF Online, 04/12/2005.
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