«Ministério Público faz queixa de Sá Fernandes»

«O Procurador do Ministério Público, João Aibéo, quer que a Ordem dos Advogados analise as declarações proferidas pelo advogado Ricardo Sá Fernandes, proferidas, ontem, na 122ª sessão do Processo casa Pia. Ao que o JN apurou, João Aibéo terá dito que prescindiria da queixa-crime contra Sá Fernandes, mas que iria participar dele à Ordem dos Advogados. Tudo porque a sessão de ontem foi adiada, uma vez que o jovem que deveria começar a depor se encontra doente. Inconformado, Sá Fernandes queria que o tribunal enviasse uma junta médica à casa do rapaz e nas declarações que ditou para a acta terá dito que o processo não pode andar ao sabor da acusação (leia-se Ministério Público e Casa Pia). Ao que soubemos, a juíza Ana Peres ainda lhe perguntou se queria mesmo que o texto ficasse registado naqueles termos, ao que Sá Fernandes disse que sim. O procurador do Ministério Público não gostou e mandou extrair certidão daquelas declarações para enviar para a Ordem dos Advogados. Na próxima segunda-feira, o julgamento prossegue. Se I.B ainda se encontrar doente, o tribunal começará a ouvir outra das alegadas vítimas. I.B tem actualmente 20 anos e, em sede de inquérito, começou por negar ter sido vítima de qualquer abuso sexual. Posteriormente, referiu ter sido abusado por Carlos Silvino, Jorge Ritto, Ferreira Diniz e ter visto os arguidos Carlos Cruz e Manuel Abrantes. A Juíza de instrução pronunciou o principal arguido por 24 crimes de abuso sexual de criança, Ferreira Diniz responde por oito, Manuel Abrantes, por três (dois dos quais por omissão), Carlos Cruz responde por um, Hugo Marçal, por 12 e por mais quatro, por lenocínio. Gertrudes Nunes responde por 16 crimes por lenocínio».

In Jornal de Notícias, 17/12/2005.