«Juízes a falar para o boneco»
«O mau funcionamento do sistema de videoconferência nos tribunais é um dos temas que mais queixas suscitou por parte de magistrados ao Conselho Superior da Magistratura (CSM), ultrapassando as duas dezenas. Os problemas com este sistema assumem dimensões "gigantescas" no Palácio da Justiça de Lisboa onde, segundo a juíza administradora deste tribunal, Isabel Magalhães, cerca de metade dos processos exigem o recurso a este meio, alegadamente criado para acelerar os julgamentos e evitar incómodos às testemunhas.
Operadoras telefónicas e grandes locadoras escolhem por regra o tribunal de Lisboa para resolver litígios com as partes. Estas residem em todo o país e quando são chamadas a depor por videoconferência o caos instala-se.
"É raríssimo conseguir ligação a outro tribunal", assegura Isabel Magalhães. Outras vezes, "estamos mais de uma hora à espera de ligação e quando conseguimos, ou temos som sem imagem ou imagem sem som", garante a magistrada. "É desesperante", acrescenta. A situação que dura "há vários anos" tem sido reportada sucessivamente à Direcção Geral da Administração da Justiça mas, garante a magistrada, "não tenho resposta rigorosamente nenhuma". Por vezes os técnicos deslocam-se ao tribunal, mas o problema fica sempre por resolver. "Já me disseram que as linhas telefónicas não estão preparadas para este tipo de ligação, mas depois não há dinheiro para substituir o sistema", refere. "Também já me disseram que os sistemas instalados nos tribunais do país são incompatíveis entre si. É o caso do de Lisboa e Porto".
A magistrada não resiste a contar um dos casos que mais a chocou. Num processo envolvendo um milhão e meio de euros era preciso ouvir todas as testemunhas por videoconferência. "Estivemos horas para conseguir a ligação aos vários tribunais em que se encontravam. Quando finalmente conseguimos, o som era péssimo. As perguntas tinham de ser repetidas cinco e seis vezes. Em determinada altura as testemunhas só falavam por monossílabos. No final tive de decidir com base naqueles depoimentos. Decidi de uma maneira que, enfim, vale o que vale...". "Foi o que mais me custou", conclui.
De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário junto do órgão de gestão e disciplina dos juízes, entre os tribunais que mais se queixam por deficiências no sistema de videoconferência estão os de Sesimbra, Criminal de Braga, 17ª Vara Cível de Lisboa, além do 3º juízo Cível de Lisboa, Fornos de Algodres, Vagos, 2º Juízo Cível de Lisboa e Gaia.
"No Palácio da Justiça de Lisboa o problema é recorrente", assegura o Conselho. As falhas permanentes no sistema de videoconferência são para a juíza administradora do Palácio da Justiça de Lisboa, "o problema mais sério porque afecta e atrasa o funcionamento da justiça e tira direitos às partes porque as prejudica".
Contactado pelo PortugalDiário, o Ministério da Justiça informou, sem mais, que "está a decorrer o levantamento sobre este sistema, a par de um outro levantamento para os sistemas de gravação, assuntos que foram já dados a conhecer publicamente"».
Operadoras telefónicas e grandes locadoras escolhem por regra o tribunal de Lisboa para resolver litígios com as partes. Estas residem em todo o país e quando são chamadas a depor por videoconferência o caos instala-se.
"É raríssimo conseguir ligação a outro tribunal", assegura Isabel Magalhães. Outras vezes, "estamos mais de uma hora à espera de ligação e quando conseguimos, ou temos som sem imagem ou imagem sem som", garante a magistrada. "É desesperante", acrescenta. A situação que dura "há vários anos" tem sido reportada sucessivamente à Direcção Geral da Administração da Justiça mas, garante a magistrada, "não tenho resposta rigorosamente nenhuma". Por vezes os técnicos deslocam-se ao tribunal, mas o problema fica sempre por resolver. "Já me disseram que as linhas telefónicas não estão preparadas para este tipo de ligação, mas depois não há dinheiro para substituir o sistema", refere. "Também já me disseram que os sistemas instalados nos tribunais do país são incompatíveis entre si. É o caso do de Lisboa e Porto".
A magistrada não resiste a contar um dos casos que mais a chocou. Num processo envolvendo um milhão e meio de euros era preciso ouvir todas as testemunhas por videoconferência. "Estivemos horas para conseguir a ligação aos vários tribunais em que se encontravam. Quando finalmente conseguimos, o som era péssimo. As perguntas tinham de ser repetidas cinco e seis vezes. Em determinada altura as testemunhas só falavam por monossílabos. No final tive de decidir com base naqueles depoimentos. Decidi de uma maneira que, enfim, vale o que vale...". "Foi o que mais me custou", conclui.
De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário junto do órgão de gestão e disciplina dos juízes, entre os tribunais que mais se queixam por deficiências no sistema de videoconferência estão os de Sesimbra, Criminal de Braga, 17ª Vara Cível de Lisboa, além do 3º juízo Cível de Lisboa, Fornos de Algodres, Vagos, 2º Juízo Cível de Lisboa e Gaia.
"No Palácio da Justiça de Lisboa o problema é recorrente", assegura o Conselho. As falhas permanentes no sistema de videoconferência são para a juíza administradora do Palácio da Justiça de Lisboa, "o problema mais sério porque afecta e atrasa o funcionamento da justiça e tira direitos às partes porque as prejudica".
Contactado pelo PortugalDiário, o Ministério da Justiça informou, sem mais, que "está a decorrer o levantamento sobre este sistema, a par de um outro levantamento para os sistemas de gravação, assuntos que foram já dados a conhecer publicamente"».
In Portugal Diário.
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