sábado, dezembro 08, 2007

Partidos, parlamentos, polícias e tribunais são os mais corruptos

Partidos políticos, parlamentos, polícias e tribunais são os organismos mais corruptos, segundo 63 199 cidadão de 60 países, inquiridos para o mais recente relatório da ONG Transparência Internacional, publicado ontem. Do total da amostra, 54% acreditam que a corrupção vai aumentar e Portugal não é excepção, com 64% da população a ver as coisas pela mesma perspectiva.
O documento, denominado "O Barómetro da Corrupção Global em 2007" revela que 70% da população mundial acusam os partidos políticos e os organismos públicos de serem os mais sujeitos a corrupção. O documento releva que, depois dos partidos, 55% dos inquiridos escolheram os parlamentos e 50%, a Polícia. A soma das partes é superior a 100% porque uma larga percentagem de inquiridos deu respostas múltiplas.
Neste relatório, os portugueses entendem que os partidos são bastante corruptos; e que o Parlamento é corrupto, juntamente com o sistema legal e as empresas. Todos os outros sectores - media, vida militar, sistema de Educação, Saúde, organismos religiosos, etc. - são vistos pelos portugueses com moderada desconfiança, mas nenhum ficou ilibado do rótulo de ser susceptível à corrupção. Os números indicam, aliás, que 2% da nossa população tiveram de pagar um suborno, em 2007, para obter um qualquer serviço.
O estudo demonstra que, com regularidade, os cidadãos de todo o Mundo são forçados a gastar dinheiro, mesmo tendo baixos recursos (até porque são os países mais pobres os mais afectados), para obterem serviços que deveriam ser gratuitos.
Em África, 42% das pessoas inquiridas afirmaram terem pago pequenas somas de dinheiro em troca de um serviço; na Ásia, esta percentagem atingiu os 22%; no Sudeste da Europa (Albânia, Croácia, Sérvia, etc.) 12%; e na América Latina os 13%. A parte do globo onde a pobreza é menor escapa mais facilmente a este flagelo. Na América do Norte apenas 2% da população respondeu ter pago por um serviço que deveria ser gratuito.
Corrupção nas autoridades
Dos 63 199 cidadãos que integraram este relatório, 25% dos que tiveram contactos com a Polícia afirmam que aquela entidade lhes pediu o pagamento de uma comissão. Igualmente, os magistrados fazem parte desta equação.
Segundo os inquiridos, aqueles pedem ou recebem frequentemente dinheiro para acelerar, fechar ou mudar o andamento dos processos. No Paquistão, por exemplo, 96 % dos inquiridos que estiveram em contacto com tribunais garantem que foram forçados a actos de corrupção. O relatório frisa, ainda, que, na Rússia, cerca de 210 milhões de euros foram entregues anualmente a título de comissões precisamente para os tribunais.
Visto isto, 54% dos inquiridos acreditam que a corrupção vai aumentar nos próximos três anos; e exactamente 54% destes acreditam também que as medidas de combate ao problema não servem para nada. De facto, segundo este estudo, um em cada dois cidadãos do Mundo considera que o seu governo não está a fazer um bom trabalho para combater a corrupção.
Mais de 33% pagaram subornos
Em países como Albânia, Camboja, Camarões, Macedónia, Kosovo, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Roménia ou Senegal, mais de 33% confessaram ter pago subornos em troca de serviços.
Entre 21% e 33% admitiram subornos
Em países como a Bolívia, a República Dominicana, a Grécia, a Índia, a Indonésia, a Lituânia, o Peru, a Sérvia ou a Ucrânia 21% a 33% admitiram ter conseguido serviços em troca de subornos.
Entre 6% e 21% obtiveram subornos
Na Bulgária, na Croácia, na República Checa, na Malásia, no Panamá, na Rússia, na Turquia, na Venezuela e no Vietnam entre 6% a 21% terá obtido serviços desta forma.
Entre 4% e 6% subornaram serviços
Em países com o a Argentina, a Bósnia, a Finlândia, a Irlanda, Portugal, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos da América apenas 4% a 6% dos inquiridos terão subornado um serviço.
Os menos corruptos
Países como a Áustria, o Canadá, a Dinamarca, a França, o Japão, a Coreia do Sul, a Suécia e a Suíça serão os menos corruptos; menos de 4% dos inquiridos a confessar ter pago um suborno.
In Jornal de Notícias, Online.

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