segunda-feira, janeiro 14, 2008

Assim é a Justiça

Tem-se feito tudo para o Poder Judiciário desincumbir-se bem de suas atividades. Foram criados tribunais, aumentaram o número de seus membros, deram maior autonomia para gerir as verbas que lhe eram destinadas em orçamento, os juízes ganhavam ordenado de fome e passaram a receber ordenado elevado e condigno, os concursos tornaram-se mais exigentes para admissão dos magistrados.Enfim, a grita da população pelo bom funcionamento da Justiça e julgamento rápido dos processos era grande e até órgãos da classe foram criados para ajudar a satisfazer os reclamos de quem precisava recorrer à Justiça, fosse na magistratura de primeira ou de segunda instância. Finalmente, imaginou-se o juizado de pequenas causas, quer na área cível, quer na criminal, como solução, pelo menos, para desafogar o foro comum. E o próprio Poder Judiciário passou a divulgar medidas concretas, para tornar a Justiça mais rápida e eficiente. E, agora, a desculpa é a de que leis existentes estão obsoletas e precisam ser mudadas para o Judiciário poder andar mais depressa. Lamentavelmente, pouco tem adiantado. Querem um exemplo. Vou dar.Embora doente, compareci a uma audiência, que já fora adiada duas vezes no interior do Estado, percorrendo 330 quilômetros, e foi novamente adiada, para o mês de março de 2008. Volto no dia seguinte para cuidar da saúde e aguardar outra audiência, agora em Fortaleza, no início de dezembro. Fiquei admirado que se marcasse essa audiência, em juizado de pequenas causas, para efeito de conciliação e atendimento do movimento que instituiu a primeira semana de dezembro como de conciliação judiciária, porque o processo, desde junho de 2006 (!), estava concluso ao juiz, para mandar arquivar, eis que autor e patrono não compareceram à audiência.E tive que me sacrificar para atender à intimação e novamente somente eu compareci.E fiquei imaginando como é que eu, um incorrigível admirador do Judiciário, deva interpretar tudo isso.
In Diário do Nordeste, Online.

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