terça-feira, novembro 29, 2005

«A mentira a outros níveis...»

A ler, se tiver sentido de humor:
«Não existe bem a certeza, mas é bem provável que talvez! Há pouco tempo, Sócrates pensava assim: Manuel Alegre, não terá o apoio do partido; se tiver não será o candidato; se for candidato não será eleito; se for eleito não tomará posse; se tomar posse não será Presidente da República. Há muito tempo, Aleixo escrevia assim: «No mundo – bola que gira – sendo a mentira um defeito em nós, dos mais vergonhosos, até parece mentira que a mentira tenha feito ricos, tantos mentirosos».O líder do partido diz que Alegre nunca foi “o candidato”. Alegre diz: Eu desminto o líder. Sócrates diz que o seu programa de governo inclui a redução de férias judiciais (mas porque carga de água estes priviligiados devem ter dois meses de férias?). Os visados respondem: Mentira, onde é que isso está escrito? O que Sócrates quer é «poder continuar a dizer que as férias judiciais são um privilégio dos juízes», acrescentam. Entretanto, no congresso dos ditos, ocorrido no Algarve, segundo os jornais, “Juízes não se levantaram, nem aplaudiram discurso de Alberto Costa”. Este reage: «Sei trabalhar sob aplausos». (já nem disfarça a tendência que tem para as plateias…). E adianta que também sabe trabalhar “sob críticas”. Não esclarece é se em ambos os casos trabalha para resolver problemas ou para embasbacar plateias. Esclareço, outra vez com recurso ao Aleixo: «A minha maledicência é simplesmente p´rá aqueles que se servem da ciência só para proveito deles». Ainda bem que ministros e juízes, embora se acusem reciprocamente de mentirosos, fazem-no com elegância e estilo superiores. Jamais vimos escrito ou lemos que tivessem trocado impropérios, insultos, ameaças ou tivemos conhecimento de que alguma destas ilustres figuras tivesse recorrido ao concorrido repertório de Alberto João... Porque se em vez de entre tais classes, o desentendimento fosse entre uma hipotética organização de Estivadores e Afins, e outra de Agricultores Associados, daqueles que andavam a puxar ao arado a meias com o burro, semeavam feijão, regavam o milho, estrumavam a terra ou colhiam as cebolas, o mais certo é que uns ameaçassem outros, nas televisões e nos jornais, com “umas marretadas nos cornos” ou com “ umas sacholadas” como ao tempo se resolviam questões de roubos de água… quando havia regas e gajos dispostos a passar as noites em claro, na expectativa de apanhar o ladrão. Seriam, aliás, bem entendidas pelo povo (as palavras) e aplaudidos (os actos). O mais que podemos esperar entre aqueles, nesta matéria é “umas bengaladas bem assentes nos quadris” – e quanto a actos, por aqui se ficam… E é neste quadro de civilizada maledicência que se descobre que os nossos governantes enquanto aprovam a OTA, andam a ver passar os aviões da CIA sobre as nossas cabeças! E sobre o assunto, nada esclarecem. Porque será?»
Heitor Ramos, In Matosinhos Hoje, 29/11/2005.

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