«Doutores no desemprego»
«De acordo com os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em Novembro deste ano havia mais 5939 indivíduos com curso superior sem trabalho, o que corresponde a 40 por cento do aumento total dos desempregados, a igual mês do ano de 2004. O desemprego nos licenciados afecta principalmente as mulheres, registando uma subida de 19 por cento, enquanto que o aumento nos homens foi de nove por cento. Para o economista Vítor Santos, esta subida do desemprego dá-se devido ao “desajustamento entre a oferta de qualificações e as oportunidades de trabalho”. Acrescentando que foram feitos “erros ao longo dos anos, pelas universidades”. Para a solução deste problema o economista espera que as “universidades pensem cada vez mais no mercado”, porque tem havido um “desequilíbrio nas formações, ou seja, existem muitos cursos onde houve menos licenciados, como é o caso dos médicos, e onde existe muita procura. E muitos licenciados em cursos onde o mercado está saturado”. Em relação ao número de desempregados, inscritos nos Centros de Emprego, aumentou 3,2 por cento, em Novembro, para 486 311 indivíduos. Este aumento fez-se sentir mais nas mulheres do que nos homens, com aumentos de 4,5 e 1,5 por cento, respectivamente. O Ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva, reconheceu que este aumento do desemprego é um factor de preocupação, apesar de se tratar de um aumento moderado e já esperado. Para responder à situação, o ministro defendeu que “é preciso procurar novos e mais investimentos para substituir os que têm encerrado e apelar a políticas de emprego que valorizem a qualificação das pessoas, de forma a que estas possam aceder ao mercado de trabalho”.
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PROCURA
A procura de novo emprego motivou a inscrição de 92,6 por cento do total dos desempregados inscritos, o que traduz um acréscimo de 3,1 por cento, em relação ao ano passado.
DURAÇÃO
O desemprego de longa duração (mais de um ano), cresceu 1,5 por cento, enquanto que o desemprego de curta duração aumentou 4,4 por cento.
MOTIVO
O fim do trabalho não permanente continua a ser o principal motivo de inscrição dos desempregados e representou 39,9 por cento das inscrições efectuadas ao longo do mês de Novembro.
PATRÕES TÊM BAIXA QUALIFICAÇÃO
Para o secretário-geral da UGT, João Proença, uma das razões para o elevado desemprego entre licenciados é a “baixa qualificação dos próprios empresários” que, por esse motivo, preferem contratar pessoas com menos estudos. Outra razão apontada pelo sindicalista é o facto de algumas entidades patronais preferiem jovens com menos qualificações por considerarem que estes “dão uma maior estabilidade”, porque supostamente ficarão mais tempo a trabalhar na empresa».
In Correio da Manhã, 20/12/2005.
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