«Os milhões que fazem mal»
Portugal vai continuar a receber ajudas comunitárias... É esperar para ver... Pode ser que, no lugar de um país em que o betão é o rei da construção, se comece a construir um Portugal a pensar nos portugueses...
A notícia que segue é do Diário de Notícias:
«Portugal vai receber entre 2007 e 2013 o equivalente a 8,8 milhões de euros por dia em ajudas comunitárias. O acordo obtido em Bruxelas acaba por não prejudicar o país tanto quanto fazia prever o alargamento. Os fundos comunitários vão representar anualmente cerca de 2,2% do produto interno bruto de 2005. São 22,5 mil milhões de euros em sete anos. Para Portugal é apenas uma meia boa notícia. Nestes 20 anos de adesão à União que vamos completar no dia 1 de Janeiro instalou-se em alguns sectores, incluindo o Estado, após três quadros comunitários de apoio, uma preocupante irracionalidade e irresponsabilidade nos investimentos em infra-estruturas físicas. Os exemplos da proliferação de rotundas, dos centros culturais em todos os cantos e das estações de tratamento de resíduos que não funcionam são as faces mais caricatas e visíveis desse desperdício de fundos de Bruxelas por parte do sector público. Já ouvimos declarações do género "tem de se fazer se não perdem-se fundos", revelando bem a irracionalidade de algumas iniciativas. De tal forma que, nesta fase, muitos de nós considerámos até positivo que Portugal perdesse fundos. Não aconteceu o que se esperava pelas piores razões. Se hoje estivéssemos a noticiar menos milhões para os próximos sete anos significaria que Portugal estava a crescer acima da média comunitária num processo de convergência acelerado, como já se verificou na Irlanda e se observa em Espanha e até na Grécia. Os milhões são o espelho dos nossos problemas e dificuldades. Neste momento festejam-se os milhões. Seria preferível pensar seriamente numa forma de os aplicar de forma mais eficaz que no passado, aprendendo com as razões que explicam a fraca capacidade de reprodução dos investimentos realizados. É preferível não gastar tudo a investir em projectos que serão apenas custos no futuro. O que se espera é que este quarto pacote de ajudas seja o último em que Portugal ainda é um ganhador na batalha de distribuição dos dinheiros comunitários. Será o melhor sinal de prosperidade».
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