domingo, janeiro 08, 2006

«Francisco Louçã defende políticas mais ousadas contra a toxicodependência»

«Francisco Louçã defendeu ontem à noite políticas "mais ousadas e preocupadas" na luta contra a toxicodependência, manifestando dúvidas sobre a viabilidade da actual lei, menos "desumana", se Cavaco Silva tivesse sido eleito presidente da República em 1996.
Numa "conversa de café" com mais de uma centena de pessoas no Estrela de Ouro, no Porto, o candidato apoiado pelo Bloco de Esquerda promoveu a "informação e educação" como fundamentais para evitar os abusos de estupefacientes e do álcool, que definiu como "a grande toxicodependência em Portugal". "A redução da toxicodependência começa por conhecer os perigos que se corre", afirmou, considerando que a lei que despenalizou o consumo de drogas pôs fim a uma "política desumana", em que o consumo de drogas era da esfera da justiça criminal. Louçã lembrou que o PSD e o CDS-PP, os partidos que apoiam Cavaco Silva na actual corrida a Belém, quiseram sujeitar a referendo a lei da toxicodependência, questionando se o documento teria mesmo sido promulgado se o ex-primeiro-ministro tivesse sido eleito na sua primeira candidatura. Com um panorama de "50 mil heroinómanos em Portugal", dos quais só "pouco mais de metade" é medicamente acompanhado, Louçã recomendou "sensatez e preocupação" e o aprofundamento de uma "cultura de informação" contra o conservadorismo, nomeadamente através da criação de salas de injecção assistida e programas de troca de seringas nas prisões, propostas que o Bloco de Esquerda viu rejeitadas no Parlamento na semana passada. Numa conversa que passou também pela despenalização das drogas leves, o surgimento de novas drogas sintéticas e a utilização médica da cannabis, Louçã recuperou um tema já levantado pelo Bloco de Esquerda no parlamento sobre a publicidade a álcool em eventos desportivos. Invocando o "aumento rapidíssimo do consumo de álcool entre adolescentes" e a "violência social" que vem associada ao seu abuso, Louçã voltou a defender "limites legais" para a sua publicidade, nomeadamente a associação de marcas de cerveja à selecção portuguesa de futebol, já abordada pelo partido quando se realizou o Euro 2004. Louçã afirmou que a associação "encoraja a dependência", nomeadamente por passar aos jovens uma ligação entre a "festa do desporto" e o consumo de álcool. Houve também tempo para lembrar várias drogas e o seu papel na História, desde a mirra (um excitante) na lenda do Presépio a um vinho popularizado nas cortes europeias no século XIX que consistia em vinho de Bordéus e folhas de coca esmagadas, o "mariani", que Louçã se apressou a desligar do nome da antiga vivenda de Cavaco Silva no Algarve».
In Público.Clix.PT, 08/01/2006.

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