sábado, janeiro 20, 2007

O novo sistema de videoconferência que ligará as cadeias e os tribunais – evitando que os reclusos se desloquem – foi apresentado ontem e está a ser bem recebido pelos guardas prisionais, que assim vêem reduzido o risco do seu trabalho.
“Não temos de sair com eles para fora da cadeia, o que é muito bom do ponto de vista da segurança”, disse ao CM Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, ressalvando, no entanto, que o único receio é que a medida sirva também para reduzir o número de efectivos.
Outra das vantagens salientada por Jorge Alves é a “abertura das cadeias às novas tecnologias”, no pressuposto de que os guardas prisionais irão receber formação profissional específica. “Não ficámos parados no tempo e melhorámos as qualificações”, afirma.
A videoconferência poderá ser realizada através da rede de comunicações do Ministério da Justiça – como aconteceu ontem – ou de uma linha telefónica RDIS.
No teste entre a cadeia da Guarda e o Tribunal de Coimbra, com a duração de seis minutos, a transmissão decorreu sem sobressaltos e com qualidade de som e imagem.
O ministro da Justiça, Alberto Costa, que acompanhou a acção experimental, a partir da cadeia da Guarda, disse que o novo sistema irá evitar “muitas deslocações, que envolvem milhares de dezenas de movimentos”.
“Planeamos, ao longo deste ano, expandir o sistema a todo o território nacional”, explicou Alberto Costa, adiantando que o investimento é da ordem dos 2400 euros por instalação e se resume à aquisição das câmaras para as cadeias, pois os tribunais já dispõem desse equipamento para a inquirição de testemunhas.
REDUZIR AS FUGAS
As fugas dos reclusos, tentadas ou consumadas, são um dos maiores receios dos guardas prisionais. Um dos casos mais recentes ocorreu no Porto, quando um recluso fugiu pouco antes de entrar para o carro celular, depois de ouvir uma sentença condenatória, sendo capturado pouco depois. Outro caso ocorreu próximo de Coimbra, quando os reclusos arrombaram a porta do carro celular, com a viatura em andamento, fugindo a pé, numa das avenidas de maior movimento na cidade, e sendo bem sucedidos na fuga. Noutra ocasião, um recluso da cadeia de Vale de Judeus, suspeito do homicídio de familiares na zona de Braga, fez uma fractura num dedo para ser assistido no Hospital de Vila Franca de Xira e fugiu de moto.
CUSTARAM 398 MIL EUROS
Em 2006, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais – que tem a seu cargo 55 cadeias – assegurou 20 465 deslocações de reclusos a Tribunal, que resultaram num custo de 697 856 euros, contabilizando ajudas de custo a guardas, combustível e desgaste de viaturas. Em cada deslocação foram percorridos, em média, 80 quilómetros. Cada recluso saiu em média, no ano passado, 2,6 vezes para o Tribunal, o que dá um total de 31 465 movimentos de presos. Quanto ao movimento de guardas prisionais, a estatística do Ministério da Justiça dá conta de que cada um saiu 9,4 vezes em diligências aos Tribunais, ou seja, um movimento anual de 47 599 mil guardas prisionais.
Correio da Manhã.

Sem comentários: