quarta-feira, janeiro 16, 2008

“Chegou o momento de unir esforços”

Passadas as divisões do período eleitoral, o tempo é de união na Ordem dos Advogados. Para os combates que se avizinham, Marinho Pinto conta com os novos membros do Conselho Distrital de Coimbra, que ontem tomaram posse.
Pela primeira vez na história da Ordem dos Advogados, o Conselho Distrital de Coimbra (CDC) foi o primeiro de todos os conselhos a tomar posse.
Na cerimónia, realizada ontem, Daniel Andrade tomou (novamente) posse como presidente do CDC, onde permanecerá mais três anos. No Conselho de Deontologia (CD), Jacob Simões sucede a Horta Pinto.
Passado o perturbado período eleitoral, o bastonário da Ordem dos Advogados apelou à união de todos os advogados. "Durante a campanha, tivémos propostas diferentes", admitiu Marinho Pinto, que acredita que "chegou agora o momento de unir esforços". "O que nos une é muito mais forte do que o que nos separou na campanha eleitoral", justificou.
E o que une os advogados são, segundo o bastonário, três grandes desafios: "a desjudicialização da justiça, a massificação da profissão e a dignificação do patrocínio forense".
Em relação a este último ponto, Marinho Pinto reiterou que "o cidadão deve poder escolher o seu advogado" e que "o Estado tem de limitar-se a pagar". E afirmou que, em seu entender, "deve ser a própria Ordem a fazer esse pagamento". Aproveitando a presença na (preenchidíssima) plateia de vários magistrados, o bastonário afirmou que "a independência dos juízes é fundamental", bem como a "autonomia dos magistrados", mas deixou um pedido: "dêem uma ajuda". Considerando que "não se pode ter o melhor de dois mundos incompatíveis", o advogado afirmou que "é difícil lutar contra a funcionalização dos magistrados quando eles fazem greve".
Também Daniel Andrade se mostrou "apreensivo com as tensões que se vivem no mundo judiciário", um cenário que "é preciso afastar": "há que encontrar meios de descongestionamento das relações entre os profissionais do meio". Ideia partilhada por Marinho Pinto, que apelou a que magistrados e advogados possam, juntos, "transmitir uma palavra de confianças aos cidadãos".
Ao fim de mais de 20 anos como dirigente da Ordem e seis como presidente do CD, Horta Pinto deixa o cargo. Na hora da despedida, lamenta que pouco tenha mudado ao longo desses anos, criticando o facto de, "para se simplificar a justiça, tomarem-se medidas que só vieram complicar a vida dos cidadãos". Afirmando que "o advogado é o bode expiatório do sistema judicial", afiança que "a Ordem está condenada a lutar sozinha contra os ataques à advocacia, que vêm de todos os quadrantes".
In Diário Beiras, Online.

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